segunda-feira, 24 de agosto de 2015

"E... assim surgiu a luz"



Painel Universo em Evolução. Concepção de Augusto Damineli e
 ilustração de Paulo R. F. Santiago.
Estamos no Ano Internacional da Luz. A 68ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, ocorrida no dia 20 de dezembro de 2013, proclamou o ano de 2015 como o Ano Internacional da Luz e das tecnologias baseadas em luz. Em quase todos os países do mundo estão sendo realizadas milhares de atividades tais como: exposições, palestras, experimentos, seminários, cursos, congressos, publicações para difusão e vários outros eventos alusivos à luz. A abertura ocorreu em Paris nos dias 19 e 20 de janeiro deste ano e o encerramento será no México entre os dias 4 e 6 de fevereiro de 2016, com solenidade a ser realizada na cidade de Mérida, que fica próxima a um dos mais antigos observatórios astronômicos conhecidos – El Caracol. 


Os anos internacionais são definidos pela Assembleia Geral da ONU que convoca sua vinculada, Unesco, para implementá-los entre os países que concordam em participar. Eles ocorrem desde o ano de 1957, que foi definido como sendo o Ano Internacional da Geofísica. O ano de 2005 foi proclamado como Ano Internacional da Física, em comemoração aos 100 anos em que Albert Einstein publicou seus artigos sobre a Teoria da Relatividade. Em 2009, tivemos o Ano Internacional da Astronomia, onde celebramos os 400 anos que Galileu Galilei apontou pela primeira vez um telescópio para o Céu.

O Ano Internacional da Luz tem como objetivos a celebração de alguns fatos importantes relacionados à luz na história da ciência. São eles: Os 1.000 anos da óptica árabe, com os trabalhos de Ibn Al-Haytham no ano de 1015; Os 200 anos do comportamento ondulatório da luz proposto pelo físico francês Augustin-Jean Fresnel (1788-1827); 150 anos da Teoria Eletromagnética da Luz do físico britânico James Clerk Maxwell (1831-1879); 110 anos da Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein e também os 100 anos dos seus trabalhos sobre o Efeito Fotoelétrico; 50 anos da descoberta da Radiação Cósmica de Fundo feita pelos físicos norte-americanos Arno Allan Penzias e Robert Woodrow Wilson; e ainda os 50 anos dos trabalhos do físico chinês Charles Kuen Kao sobre o uso das fibras ópticas nas comunicações.

Na coluna de hoje, resolvi participar das celebrações do Ano Internacional da Luz escrevendo algo sobre a luz no contexto do Universo. Afinal, o nosso Universo é constituído por estrelas que são a principal fonte de luz. Para tanto, não encontrei algo mais didático do que o impressionante painel Universo em Evolução, desenvolvido pelo astrofísico brasileiro professor doutor Augusto Damineli com ilustração de Paulo R. F. Santiago.

O painel mostra a evolução do Universo desde o Big Bang, passando pela evolução da vida na Terra, até o futuro do nosso Sistema Solar, com a morte do nosso Sol. Mas, como nossa coluna está se referindo à luz, fiz um corte no painel para salientar apenas o surgimento da luz. O painel completo está em exposição permanente no Planetário Rubens de Azevedo, com visitação gratuita, fixado no teto do Espaço Mix do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

A figura acima ilustra duas fases: a fase dominada por luz e partículas, que durou cerca de 400 mil anos, e a fase da formação dos astros e evolução química, que durou cerca de 5 bilhões de anos.

Na descrição do painel Evolução do Universo, na fase dominada por luz e partículas, Augusto Damineli escreve:

“É possível que existam outros universos. O nosso nasceu há 13,7 bilhões de anos, numa grande explosão, o Big Bang. Uma gotícula de energia pura, infinitamente quente e densa, entrou em expansão e esfriamento. Eras inteiras se sucederam em frações de segundos. As quatro forças se desacoplaram uma após outra e a expansão acelerou-se de forma inflacionária. A matéria e a antimatéria criavam-se e aniquilavam-se mutuamente em forma de luz, restando apenas 1 bilionésimo da matéria que existia. À idade de 3 minutos, 10% do hidrogênio havia se transformado em hélio. O universo era uma espécie de sopa uniforme, luminosa e “intransparente” (como uma lâmpada de gás). A luz não permitia a aglutinação da matéria. Aos 400 mil anos, a temperatura baixou para 3 mil graus e o plasma ficou neutro, em forma de átomos. O céu tornou-se transparente e escuro, como ainda é hoje.”

Na fase da formação dos astros e evolução química, o autor do painel explica:
“Comandadas pela gravidade da ‘matéria escura’, as tênues nuvens de gás condensam-se em ‘rios’ de matéria. Após 200 milhões de anos de escuridão (idade das trevas), formou-se a primeira geração de estrelas que reiluminaram o universo e aglutinaram-se em galáxias. O coração quente das estrelas passou a fundir os átomos menores em maiores. As grandes estrelas formaram o oxigênio, e as médias formaram o carbono e o nitrogênio. Aos 2 bilhões de anos, o universo já estava repleto desses átomos biogênicos. Aos 5 bilhões de anos, a tabela dos elementos químicos estava completa. Átomos começavam a ligar-se formando moléculas, sendo a água uma das mais abundantes e mais antigas. Há 4,56 bilhões de anos, na periferia da galáxia da Via Láctea, uma nuvem de gás e poeira condensou-se, formando uma pequena estrela, o Sol, rodeado por um carrossel de planetas. Entre eles, um (pequeno) planeta rochoso situado na zona de água líquida, a Terra.”

Vou encerrar nossa coluna com um texto do doutor Damineli, que faz parte das descrições do painel Evolução do Universo.

“Num universo em que os próprios astros são transitórios, a humanidade não é mais que um brevíssimo capítulo. Embora microscópica no tempo e no espaço, é ela, entretanto, quem conta esta grande história. Nós contemos o universo que nos contém.”

FONTE: JORNAL O POVO
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...