quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Japonês e canadense ganham Nobel por descoberta sobre neutrino



O japonês Takaaki Kajita e o canadense Arthur B. McDonald foram anunciados ontem como os vencedores do prêmio Nobel de Física em 2015 por suas “descobertas históricas” sobre o neutrino, uma partícula cósmica fundamental para compreender o universo e sua origem.

Kajita, nascido em 1959, e McDonald, nascido em 1943, refutaram um princípio da física quântica, admitido durante muito tempo, segundo o qual o neutrino não tinha massa: assim, a revelação de ambos representa o triunfo da matéria sobre a antimatéria.

Seus trabalhos conduziram à “conclusão, de considerável alcance, de que os neutrinos, durante muito tempo considerados como carentes de massa, a possuem, apesar de frágil”, destaca o júri, que elogiou a “descoberta histórica”. Isto permite compreender o funcionamento interno da matéria e um melhor conhecimento do universo, explicou o júri da Real Academia Sueca de Ciências.

Contactado pela Fundação Nobel, Takaaki Kajita contou que recebeu a notícia do prêmio de colegas suecos, quando consultava seus emails.

“É uma verdadeira surpresa para mim. É um pouco difícil de acreditar”. disse.

Arthur McDonald afirmou que compartilhava o prêmio “com vários colegas que realizaram um trabalho considerável”. O neutrino, partícula elementar da matéria - que pode ser comparado a uma partícula-fantasma ou a um camaleão - está um bilhão de vezes mais presente no universo que cada um dos integrantes do átomo, mas, apesar disto, é incrivelmente difícil de ser detectado.

O neutrino, que intriga os físicos desde os anos 60, está, de fato, desprovido de carga elétrica, o que permite atravessar todo tipo de obstáculos. Sua existência foi formulada em 1931 pelo austríaco Wolfgang Pauli, prêmio Nobel de 1945, e demonstrada de maneira experimental 25 anos mais tarde pelo americano Frederick Reines, prêmio Nobel 1995.

Em 2002, o Nobel recompensou o americano Raymond Davis Jr e o japonês Masatoshi Koshiba, que revelaram as famosas oscilações do neutrino: ao propagar-se no espaço a uma velocidade próxima à luz, o neutrino tem a curiosa faculdade de metamorfose em três formas ou identidades diferentes.

Mas o neutrino ainda permanecia com seus segredos, pois os cientistas discordavam sobre a massa desta partícula: alguns a consideravam nula e outros muito frágil, inferior à milionésima parte da massa do elétron.Por isto, um dos grandes desafios é “captar” os evasivos neutrinos.


Saiba mais

Enquanto milhares de bilhões de neutrinos atravessam nosso corpo a cada segundo na velocidade da luz sem que sintamos absolutamente nada, Takaaki Kajita e Arthur McDonald conseguiram provar que os neutrinos são verdadeiros camaleões capazes de se transformar e inclusive, às vezes, voltar a seu estado inicial.Emitidos pelas estrelas e a atmosfera, também podem ser criados pela radioatividade beta, como a que é gerada pelas centrais nucleares.Atualmente, três espécies de neutrinos foram identificados. O neutrino do elétron, neutrino do múon, associado a um elétron pesado e o neutrino do tau, associado a um elétron ainda mais pesado.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...