quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Papa Francisco diz concordar com ‘Big Bang’

De acordo com o papa Francisco, a teoria não se opõe à ideia de que o universo foi criado por Deus. Pelo contrário, exige um criador

Cidade do Vaticano. O papa Francisco afirmou que as teorias científicas da Evolução e do Big Bang estão corretas e que não são incompatíveis com a existência de um criador. “Quando lemos sobre a criação no Gênesis, corremos o risco de imaginar que Deus era um mágico com uma varinha capaz de fazer tudo. Mas não é isso”, disse.

De acordo com o pontífice, a criação do mundo “não é obra do caos, mas deriva de um princípio supremo que cria por amor”.

Segundo o papa, a teoria do Big Bang, que explica a origem do mundo, não se opõe à ideia de um criador divino - justo ao contrário, exige um criador.

A Evolução, diz Francisco, também requer que antes os seres tenham sido criados. “O Big Bang não contradiz a intervenção criadora, mas a exige”, afirmou o papa ontem para os acadêmicos que integram a Academia Pontifícia de Ciências.

“Deus criou os seres humanos e permitiu que se desenvolvessem de acordo com leis internas que deu a cada um para que alcancem sua realização”, acrescentou o pontífice.

Segundo Francisco, o homem foi criado com uma característica especial – a liberdade – e recebe a incumbência de proteger a criação, mas quando a liberdade se torna autonomia, destrói a criação e homem assume o lugar do criador.

“Ao cientista, portanto, sobretudo ao cientista cristão, corresponde a atitude de interrogar-se sobre o futuro da humanidade e da Terra; de construir um mundo humano para todas as pessoas e não para um grupo ou uma classe de privilegiados”, concluiu o pontífice.

Antes de Francisco, o papa Pio XII já havia recebido bem as ideias do evolucionismo e do Big Bang. O papa João Paulo II chegou a dizer, em 1996, que a evolução era um “fato comprovado”.

Já o papa Bento XVI defendia a tese de que a seleção natural por si só não explicaria a complexidade do mundo e, assim, haveria um “design inteligente” implícito na evolução. Segundo ele, a Evolução não seria então um processo do acaso.

O papa Francisco inaugurou um busto do seu antecessor na sede da Academia Pontifícia de Ciências, no Vaticano, e disse algumas palavras em homenagem a Bento XVI. “Ninguém pode dizer que o estudo e a ciência fizeram com que ele e seu amor por Deus e pelo próximo diminuíssem. Ao contrário, o conhecimento, a sabedoria e a oração ampliaram seu coração e seu espírito”, disse.

Movimentos populares

Mais de 100 líderes de grupos sociais e leigos, 30 bispos engajados com a realidade dos movimentos sociais em seus países e 50 agentes pastorais, além de alguns membros da Cúria Romana, participam nesta semana do Encontro Mundial dos Movimentos Populares, que ocorre em Roma até hoje.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Um pioneiro misterioso como sua partícula

Denis Balibouse/Reuters /

No dia 8 de outubro do ano passado, quando seria anunciado o prêmio Nobel de Física, Peter Higgs decidiu que era um bom momento para sair da cidade.

Infelizmente, seu carro não estava funcionando. Lá pela hora do almoço, um vizinho veio lhe dizer que ele havia ganhado o prêmio.

“Que prêmio?” ele brincou.

Em 1964, Higgs tinha 35 anos e era professor assistente na Universidade de Edimburgo, e previu a existência de uma nova partícula – que viria a ser conhecida como o bóson de Higgs, ou a “partícula de Deus” – para explicar como as outras partículas possuem massa. Quase meio século mais tarde, no dia 4 de julho de 2012, ele enxugou uma lágrima com um lenço em uma sala de aulas no CERN, a Organização Europeia de Pesquisa Nuclear, em Genebra, quando ouviu que sua partícula havia sido finalmente encontrada.

Higgs, agora com 85 anos, não tem televisão, nem usa e-mail ou telefone celular, e suas aparições públicas são raras. Depois de uma década escrevendo sobre o bóson de Higgs, eu nunca havia conversado com seu criador.

Finalmente encontrei-o, examinando relaxadamente o cardápio em um bistrô.

Higgs disse que já havia — mais ou menos — se acostumado à celebridade do Nobel. “Aprendi a dizer não”, afirmou a respeito das pessoas que o param no meio da rua e pedem para tirar uma fotografia.

Higgs nasceu em Newcastle-upon-Tyne, na Inglaterra, em 1929, filho de um engenheiro da BBC e de uma escocesa. Seu interesse pela física começou na escola em Bristol, quando descobriu que estudava na mesma escola que o teórico britânico Paul Dirac frequentara. Dirac era o pai da teoria quântica de campos, que descreve as forças da natureza como uma brincadeira de pega-pega entre partículas carregadas de energia chamadas bósons, a mesma área na qual Higgs faria fama.

Aposentado da Universidade de Edimburgo, ele vive em seu apartamento no quinto andar de um prédio na esquina onde nasceu James Clerk Maxwell, grande teórico escocês do século XIX.

Foi Maxwell que mostrou que a eletricidade e o magnetismo eram diferentes manifestações da mesma força, o eletromagnetismo, que constitui a luz. Higgs ajudou a física a dar o próximo passo em direção a uma teoria capaz de ser resumida de forma simples: mostrar que o eletromagnetismo de Maxwell e que a força fraca que rege a radioatividade são faces diferentes da mesma coisa.

Mas não era isso que Higgs acreditava estar fazendo. Quando inventou o bóson em 1964, ele disse: “Não tinha certeza se ele seria importante”.

Descobriu-se que François Englert e Robert Brout da Universidade Livre de Bruxelas já haviam publicado um estudo com a mesma ideia. Três outros físicos escreveram sobre o assunto. Englert compartilhou o Nobel com Higgs; Brout já faleceu.

“Durante um tempo, chamei-o de mecanismo ‘A.B.E.G.H.H.K.H’, usando as iniciais de todos os que contribuíram para a teoria”, disse Higgs, rindo.

No ano 2000, Higgs havia deixado de fazer pesquisa, concluindo que a física de partículas de grande energia já havia superado suas capacidades. “Eu cometia muitos erros bobos”, disse.

Mesmo antes de o Nobel ter selado seu lugar na história, ele já havia se tornado uma atração turística em Edimburgo, uma espécie de monumento vivo à ciência. Em 1999, não aceitou uma oferta para se tornar cavaleiro real, mas em 2014 foi nomeado Companheiro de Honra pela Rainha Elizabeth II.

Físicos ainda não conseguem explicar a massa do Higgs em si, que cálculos quânticos padrão sugerem poder ser quase infinita. Isto leva alguns teóricos a propor que nosso universo seja apenas um em um conjunto de universos, o Multiverso, em que o valor de coisas como o bóson de Higgs é aleatório.

Questionado a esse respeito, Higgs abriu um grande sorriso. “Não sou um crente”, afirmou.

“Já é difícil o bastante propor uma teoria que dê conta só deste universo".”

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Nobel de Física vai para criadores do LED azul

Prêmio Nobel de Física 2014 vai para criadores do LED azul

O Prêmio Nobel de Física de 2014 foi concedido a três pesquisadores japoneses pelo desenvolvimento do LED de cor azul e sua posterior junção com outras cores para criação dos LEDs brancos.

Isamu Akasaki, nascido em 1929, é professor da Universidade Meijo, em Nagoya. Hiroshi Amano, nascido em 1960, é professor da Universidade de Nagoya. E Shuji Nakamaura, nascido em 1954, é atualmente professor da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, nos Estados Unidos.

Os LEDs (Light-Emitting Diodes - diodos emissores de luz) são as luzes de estado sólido que começaram como sinalizadores em aparelhos eletrônicos e agora estão se disseminando nas aplicações de iluminação em geral.

Para essa disseminação, a invenção do LED azul foi crucial, uma vez que esse comprimento de onda é necessário para produzir a luz branca necessária para a iluminação de ambientes, o que é feito juntando-o com os mais tradicionais LEDs de cor verde e vermelha.

Funcionamento do LED

Foram quase 30 anos de pesquisas, na academia e na indústria, em busca da criação de um LED que emitisse cor azul - os primeiros LEDs foram criados em 1907, os LEDs vermelhos e verdes nasceram na década de 1960, e os três pesquisadores agora premiados pelo Nobel apresentaram seu primeiro LED azul em 1992.

Prêmio Nobel de Física 2014 vai para criadores do LED azul

Um LED típico é formado por várias camadas de materiais semicondutores. A eletricidade injeta elétrons nas camadas de tipo n (negativo) e lacunas nas camadas de tipo p (positivo), dirigindo-os para a camada de material ativo, onde as cargas se recombinam e emitem luz.

A cor, ou comprimento de onda da luz emitida, depende do material semicondutor usado na camada ativa.

Os três pesquisadores japoneses tiveram sucesso construindo diversas camadas do semicondutor nitreto de gálio (GaN) misturado com índio (In) e alumínio (Al).

Iluminação de estado sólido

Desde então, os LEDs brancos têm sido constantemente aperfeiçoados, ficando cada vez mais eficientes, com maior fluxo luminoso (medido em lúmens) por unidade de potência elétrica consumida (medida em watts).

O recorde mais recente é de pouco mais de 300 lúmens por watt (lm/W), que pode ser comparado a 16 lm/W das lâmpadas incandescentes e perto de 70 lm/W das lâmpadas fluorescentes compactas.

Como estimativas indicam que até um quarto do consumo mundial de eletricidade é usado em iluminação, os LEDs são muito "verdes". O consumo de materiais também é otimizado, já que os LEDs duram até 100.000 horas, em comparação com 1.000 horas das lâmpadas incandescentes e 10.000 horas das lâmpadas fluorescentes.

Fonte: Inovação Tecnológica

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Fotógrafo ‘caça’ clarões de tempestades

Thomas Ashcraft /  

Durante o verão, Thomas Ashcraft recebe diariamente, às 19h, um boletim climático personalizado. Ele busca orientações sobre onde procurar tempestades robustas, do tipo que costuma se formar na parte oeste da região das Planícies Altas nessa época do ano.

Munido de câmeras sensíveis e radiotelescópios, Ashcraft caça “sprites” —majestosas emanações de luz que lampejam por um instante acima das nuvens carregadas (as cúmulos-nimbos), aparecendo na forma de águas-vivas, cenouras, anjos e brócolis. Não há duas delas que sejam iguais entre si.

As “sprites” são imensas: têm dezenas de quilômetros de largura e 50 quilômetros de alto a baixo. Mas, como aparecem e somem numa fração de segundo, a olho nu são percebidas somente como lampejos. Não se sabe como, ou mesmo se, elas afetam a física e a química da atmosfera.

Ashcraft pode obter apenas duas imagens de “sprites” numa noite ou mais de 300. Parte de um crescente grupo de cidadãos envolvidos em áreas que vão da astronomia à zoologia, ele envia suas melhores imagens para Steven Cummer, professor de engenharia elétrica e da computação na Universidade Duke, em Durham, na Carolina do Norte. Cummer lidera um projeto chamado Phocal, cujo objetivo é capturar imagens de “sprites” a partir de múltiplos lugares, a fim de triangular sua posição em relação ao relâmpago que as cria.

As “sprites” só passaram a ser documentadas a partir de 1989, quando um cientista de Minnesota acidentalmente captou uma delas em vídeo. Ninguém sabia o que fazer com elas. “Era como se a biologia tivesse descoberto uma nova parte do corpo”, disse Walter Lyons, ex-presidente da Sociedade Meteorológica Americana. Seu site, chamado WeatherVideoHD.tv, monitora “sprites” e outros eventos meteorológicos incomuns. As pessoas se referem às “sprites” como “relâmpagos-foguetes”, “relâmpagos para cima”, “relâmpagos das nuvens para a estratosfera” e até mesmo de “relâmpagos das nuvens para o espaço”, segundo ele. Esses estranhos raios receberam o nome de “sprites” (espíritos, ou entes fantásticos), tendo como inspiração os misteriosos personagens chamados dessa maneira em “A Tempestade”, de Shakespeare.

As “sprites” se formam na mesosfera, porção pouco estudada da atmosfera, situada 50 a 80 quilômetros acima da superfície terrestre —muito alta para o voo de aviões, mas muito baixa para que satélites aí orbitem. Sabia-se que estavam relacionadas a tempestades com trovoadas e relâmpagos, mas não mais do que isso, segundo Lyons.

Nem todas as tempestades com trovoadas produzem “sprites”, mas aquelas que o fazem apresentam um tipo de relâmpago com carga elétrica positiva —a qual, por razões ainda não compreendidas, tende a ser mais poderosa do que a dos raios carregados negativamente.

Quando um raio positivo lança uma grande descarga elétrica no solo, o campo elétrico na rarefeita atmosfera mais acima se expande simultaneamente e, em milésimos de segundo, se decompõe para formar uma imensa faísca —uma “sprite”— a cerca de 70 quilômetros de altura.

Então, a “sprite” gera bolas de ionização do tamanho de uma casa, que se aceleram para baixo, depois para cima, a 10% da velocidade da luz, estimulando as moléculas de nitrogênio que brilham em azul ou vermelho, dependendo da pressão em diferentes altitudes.

Ashcraft, 63, artista e caçador de “sprites”, trabalha em um barracão de madeira. Seis câmeras estão fixadas no telhado, algumas delas modificadas para capturar a luz das partes do espectro em infravermelho ou próximas do infravermelho, onde as “sprites” são mais visíveis. Graças à altitude de 2.100 metros e à atmosfera extremamente clara nesse local, suas câmeras podem enxergar a quase mil quilômetros de distância, em todas as direções, nos céus de Wyoming, Kansas, Nebraska, Oklahoma, Arizona, Utah, norte do México e, claro, todo Novo México e Colorado.

Quando Ashcraft recebe a informação de que tempestades estão se formando, ele checa imagens de radar no site Weather Underground para localizar os temporais mais pesados, sobe até o telhado usando uma escada de alumínio, verifica a bússola em seu smartphone e aponta as câmeras na direção da tempestade. “Desenvolvi um jeito de conseguir a altitude certa”, disse ele.

Se as câmeras estiverem adequadamente alinhadas à tempestade, ele pode captar um coro dançante de lampejos luminosos. “Estou me esbaldando com as ‘sprites’”, afirmou.

Fonte: Gazeta do Povo
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