quarta-feira, 4 de março de 2015

VOCÊ TEM QUE SABER...

1. ASTRONOMIA
BURACO NEGRO INTRIGA CIENTISTAS



Astrônomos anunciaram, nesta semana, a descoberta de um “descomunal” buraco negro, muito antigo, que desafia as teorias atuais sobre como estes objetos astronômicos se desenvolveram nos primórdios do universo. Um buraco negro é um objeto astronômico invisível, com gravidade tão forte que nenhuma partícula, nem mesmo a luz, consegue escapar de sua força de atração. A massa deste buraco negro, situado no centro de um quasar (objeto ultraluminoso), é 12 bilhões de vezes maior que a do sol, segundo astrônomos na revista britânica Nature. Formou-se há 900 milhões de anos, depois do Big Bang, que deu origem ao universo há 13,7 bilhões de anos. “A formação de um buraco negro é tão grande, tão rápido, é difícil de interpretar com as teorias atuais”, disse em comunicado um dos autores do estudo, o pesquisador da Universidade Nacional da Austrália, Fuyan Bian. (AFP)

2. SUSTENTABILIDADE
TORRE EIFFEL GANHA GERADORES


A empresa Sete, encarregada da exploração da Torre Eiffel, instalou dois aerogeradores no simbólico monumento parisiense, que ilustram compromisso em prol de um desenvolvimento sustentável. Os aerogeradores, de sete metros de altura por três de largura, foram instalados no segundo piso, a 127 metros do chão, e têm uma capacidade de produção de 10.000 kwh anuais, isto é, o consumo energético da loja do primeiro andar. Embora seja uma medida "bastante simbólica", ilustra "o compromisso da Torre no campo do desenvolvimento sustentável", afirmou a companhia. Em 2014, a torre recebeu mais de sete milhões de visitantes. O consumo elétrico anual (6,7 GWh) do monumento equivale ao de uma cidade com 3.000 habitantes.

3. PESQUISA
HORMÔNIO DO AMOR PARA CURAR EMBRIAGUEZ?

Mãos formam um coração

O hormônio do amor, a oxitocina, pode ter um efeito inesperado: quando o aplicaram em ratos de laboratório em estado de embriaguez, os cientistas perceberam que a substância ajudou os roedores a agir como se estivessem sóbrios. Quando os autores desta experiência, cujos resultados foram divulgados nesta semana, injetaram oxitocina no cérebro de roedores embriagados, os animais não demonstraram a falta de coordenação normalmente provocada pela ingestão excessiva de álcool. “Os ratos que ingeriram álcool e, em seguida, oxitocina, passaram sem problemas no teste de sobriedade equivalente para ratos, enquanto os outros em estado de embriaguez, mas que não tomaram o hormônio, ficaram totalmente embriagados”, explicou Michael Bowen, pesquisador do departamento de Psicologia da Universidade de Sidney. Pesquisadores querem agora testar este efeito surpreendente do hormônio do amor em seres humanos. (AFP)



Quando os computadores começarão a pensar?

O matemático Alan Turing é interpretado pelo ator Benedict Cumberbatch no filme O Jogo da Imitação
O matemático Alan Turing é interpretado pelo ator
 Benedict Cumberbatch no filme O Jogo da Imitação

Vários filmes em cartaz nos cinemas contam histórias de cientistas famosos. Um deles, é o matemático inglês Alan Turing, ateu, homossexual e visionário da computação, que é personagem de O Jogo da Imitação, onde a ênfase é dada ao seu trabalho bem-sucedido de decifrar códigos secretos dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. O filme ganhou o Oscar de Melhor Roteiro, mas, não vou falar sobre ele. Vou tratar um pouco das ideias mais impactantes de Turing sobre a possibilidade de se construir uma máquina inteligente, com capacidades intelectuais consideradas exclusivas dos humanos.

Em resumo, Turing queria saber se poderia existir uma máquina capaz de coisas como raciocinar, jogar xadrez, demonstrar teoremas matemáticos ou escrever poemas de boa qualidade. Após muita elucubração, ele concebeu a chamada “máquina universal” e demonstrou que ela poderia desempenhar todas essas proezas, além de ser capaz de se autor reproduzir usando apenas um código interno, mais ou menos como o DNA faz com a gente. É claro que essa “máquina universal de Turing” não existia naquela época, a não ser na cabeça do próprio Turing. E, não existe até hoje, mas o que importa mesmo é explorar teoricamente se ela é permitida pelas leis naturais. Em sua essência, a máquina concebida por Turing é bastante simples e serviu de ponto de partida para a concepção dos computadores atuais. Como estes, seria apenas um sistema físico que passa continuamente de um estado para outro, seguindo regras básicas contidas em um código binário. Os únicos obstáculos para se construir essa máquina seriam técnicos e financeiros. Depois da guerra, Turing chegou a tentar financiamento para construir um protótipo da máquina, mas, como mostra o filme, o moralismo repugnante das autoridades inglesas preferiu obrigá-lo a um tratamento hormonal que o levou, finalmente, ao suicídio.

Tendo demonstrado que uma máquina seria capaz de várias capacidades semelhantes às dos humanos, Turing passou a examinar que tipo de limitações ela poderia ter. Concluiu que sua máquina estaria restrita aos vínculos impostos pelo alemão Kurt Gödel, que demonstrara a impossibilidade de qualquer sistema lógico ser completo. Em outras palavras, segundo Gödel, qualquer sistema matemático teria proposições verdadeiras que não poderiam ser demonstradas dentro do próprio sistema. Turing verificou que essa restrição também valia para sua máquina, o que equivalia a dizer que a matemática nunca poderá ser completamente mecanizada.

Acontece, como notou o inglês, que essas restrições também valem para as máquinas que temos dentro de nossos crânios. Pessoas, assim como as máquinas, nunca serão totalmente capazes de prever e modificar seus comportamentos. Aparentemente, o famoso “livre-arbítrio” tem limitações. É claro que essas limitações não nos impedem, nem às máquinas, de fazer raciocínios complexos e de tomar decisões sobre o que devemos fazer.

Os computadores modernos ainda não apresentam todas as potencialidades teóricas de uma máquina universal de Turing, mas, parecem estar cada vez mais próximos disso. O cientista americano Ray Kurzweil, engenheiro do Google, chamou de “singularidade” o dia em que ficar evidente que as máquinas começarão a pensar. E escreveu um livro intitulado A singularidade está próxima. Vamos ver.

O Jogo da Imitação

Afinal, haverá algum dia uma máquina capaz de pensar? Alan Turing não gostava desse tipo de pergunta por ter uma carga emotiva muito forte e depender da definição do que é pensar. Em 1950, ele escreveu um artigo onde propôs uma forma mais segura de decidir a questão, envolvendo um teste que ele chamou de “Jogo da Imitação”, hoje mais conhecido como “Teste de Turing”. Vejamos uma versão moderna do Teste de Turing.

O arranjo do teste coloca de um lado um humano e um computador, separados por uma parede de outro humano, o interrogador. A única forma de comunicação entre os três é por mensagem de texto digitado. O objetivo do jogo é levar o interrogador a descobrir, fazendo perguntas e recebendo respostas, quem é quem do outro lado da parede. O computador é programado para levar o interrogador a pensar que está conversando com um humano. Portanto, não adianta o interrogador perguntar quem é humano, pois ambos responderão a mesma coisa.

O teste acaba quando o interrogador achar que sabe quem é humano. Se, depois de vários desses testes, o computador tiver sido confundido como sendo humano por um número igual ou maior de vezes que o contrário, conclui-se que esse computador é capaz de agir como um humano. Isso não quer dizer, explicitamente, que o computador é capaz de pensar. Significa apenas que ele é capaz de convencer que pensa.

Os proponentes da chamada versão forte da Inteligência Artificial consideram que um computador que consiga passar consistentemente pelo Teste de Turing é realmente capaz de pensar. Muita gente não concorda. O filósofo John Searle, por exemplo, sustenta que apenas organismos biológicos com cérebros semelhantes aos nossos seriam capazes de pensar de forma consciente. Para justificar esse ponto de vista, ele também imaginou um teste chamado de “Sala Chinesa”. Esse é o tipo de debate que costuma ficar acalorado entre os entusiastas da Inteligência Artificial e os céticos. Mas, não tenho espaço aqui para me estender sobre isso. Fica para outra ocasião, se alguém tiver interesse em voltar a esse assunto.

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