terça-feira, 22 de março de 2016

O que você precisa saber sobre CATARATA


Catarata é a opacificação de uma estrutura que age como uma lente dentro dos olhos, chamada de cristalino. As causas são variadas: idade (senil), após traumatismos oculares, após inflamações intraoculares (uveíte crônica), diabetes, uso de corticoides (medicamento muito usado nas doenças reumáticas), congênita (já existente ao nascer), entre outros.

O diagnóstico da catarata geralmente leva o paciente a uma ansiedade muito grande e algumas perguntas surgem de imediato. Veja algumas e tire suas dúvidas. Nós conversamos com o oftalmologista Giuliano Pires, do CLDO.

O que fazer em caso de diagnóstico de catarata?
Depende da intensidade da catarata e do quanto ela prejudica a visão. 

Óculos não melhoram?
Uma catarata inicial só muda o grau e, nestes casos, a mudança do grau dos óculos é suficiente para melhorar a visão naquele momento.

Como podemos evitar sua progressão?
Importante ressaltar que, uma vez iniciado o processo da opacificação do cristalino, não dispomos de nenhum meio efetivo para atrasar ou evitar sua progressão (embora haja alguns colírios no mercado, não há comprovação científica).

É necessário aguardar a catarata “madurar”?
MADURAR a catarata é uma expressão usada para definir o momento certo para a cirurgia. Há alguns anos, com técnicas cirúrgicas menos seguras, geralmente “madurar” significava cegueira neste olho. Assim, operava-se quando a pessoa não mais enxergava. Atualmente, como o advento da FACOEMULSIFICAÇÃO (Cirurgia Moderna de Catarata), a decisão da cirurgia baseia-se não só na visão diminuída, mas também na ocupação da pessoa, na idade, no quanto a catarata está dificultando as funções habituais.

Qual a diferença entre a moderna cirurgia de catarata e a tradicional?
Designamos FACOEMULSIFICAÇÃO como Moderna Cirurgia de Catarata, por ser uma técnica bastante avançada. Através de um orifício de pouco mais de dois milimetros, um aparelho emite ondas de ultrassom dentro do olho, derrete e aspira a catarata. Através desse orifício, coloca-se um cristalino artificial (lente) dobrado. Isso geralmente dispensa o uso de sutura (ponto), tornando a recuperação visual mais rápida e a cirurgia mais segura.

A cirurgia de catarata tem riscos?
Como todo e qualquer procedimento cirúrgico, ela não está isenta de riscos, porém temos que lembrar que catarata é uma doença e precisa ser tratada.

Uma pessoa com mais de 80 anos pode fazer cirurgia?
O tipo de catarata mais frequente é o relacionado à idade. A anestesia é local e, com uma avaliação clínica prévia, pode-se submeter à cirurgia sem maiores riscos à sua saúde. Se um paciente já tem com a idade vários problemas, imagine também não enxergar, atrapalhando para andar, para se relacionar com as pessoas etc. E a catarata é a maior causa de cegueira evitável do mundo!

É verdade que, nos pacientes diabéticos, a recuperação é pior (não cicatriza)?
A recuperação do paciente diabético controlado é equivalente a do não diabético. É importante que ele esteja bem controlado e que uma avaliação oftalmológica prévia seja bem feita para detectar outras causas de baixa visual no paciente diabético como a retinopatia diabética.

E a cirurgia de catarata a laser?
Recentemente, a cirurgia de catarata a laser entrou no Brasil e veio trazer ainda mais precisão ao procedimento.

A cirurgia e a recuperação da facoemulsificação são dolorosas?
Não, o procedimento dura em torno de 15 minutos, o paciente não costuma sentir dor nem durante, nem no período seguinte à cirurgia. O repouso é relativo, evitando realização de grandes esforços físicos, mas os pacientes podem retornar às suas atividades geralmente num tempo muito inferior ao de antigamente.

Podemos operar a catarata sem implantar a lente intraocular?
Uma preocupação frequente dos pacientes diz respeito à lente intraocular. É importante ressaltar que, ao operar a catarata, extraímos uma lente natural do olho e ela precisa ser reposta, caso contrário, voltaremos 50 anos atrás, quando os pacientes operavam a catarata e ficavam dependentes daqueles óculos com grau enorme (as chamadas lentes “fundo de garrafa”). Nos últimos anos, dispomos de um grande arsenal de tipos de lentes intraoculares. Elas diferem no material, no tamanho, uni ou multifocais. Todas estas diferenças são resultados de pesquisas com o intuito de diminuir a dependência dos óculos, materiais biocompativos. Somente o médico oftalmologista pode indicar a melhor lente para cada caso.

Fonte: Jornal - Diário do Norteste

sexta-feira, 18 de março de 2016

Cápsula endoscópica: avanço no diagnóstico das doenças intestinais



No mundo das doenças do aparelho digestivo, o homem sempre buscou a visualização do trato digestivo por inteiro, desde o lúmen até sua porção externa. Começou-se, então, um profícuo desenvolvimento de instrumentais para a introdução no aparelho digestivo humano e a observação e descoberta de novas doenças. Nesse contexto, surgiram os atuais aparelhos flexíveis de endoscopia e colonoscopia capazes de adentrar o mundo fantástico do esôfago, estômago, duodeno e cólon.

PONTO DE PARTIDA

A partir de 1981, principalmente os japoneses deram um impulso extremo no desenvolvimento de CCDs acoplados a tubos flexíveis que transmitem imagens à tela de um monitor e, com isso, diagnosticam inúmeras desordens gastrointestinais. O mundo da medicina, porém, ainda estava insatisfeito: uma grande porção do trato digestivo, chamado intestino delgado, estava ainda por ser desbravado. Cientistas israelenses bravamente, a partir de 1990, criam um protótipo capaz de gerar imagens através de uma microcâmera e por telemedicina a distância, baseado na tecnologia militar de mísseis teleguiados.

WIRELESS

De acordo com o gastroenterologista Alessandrino Terceiro, Mestre em Cirurgia pela UFC, com a tecnologia wireless, esses protótipos transformaram-se em cápsulas capazes de ser digeridas e suas imagens transmitidas a um gravador fixado ao corpo do paciente. Esse gravador,  por sua vez, é colocado numaworkstation", em que imagens são repassadas e interpretadas. Estava desbravado cerca de seis a oito metros do trato digestivo humano: o intestino delgado, explica.

CÁPSULA ENDOSCÓPICA
Trata-se de uma pequena cápsula medindo cerca de 2,5cm, que contém uma câmara capaz de tirar duas fotos por segundo da maior porção do trato digestivo: o intestino delgado. As imagens são transmitidas a um gravador fixado na cintura do paciente. Esse exame é hoje o padrão ouro para doença do intestino delgado, principalmente porque não há exames mais detalhados e menos invasivos para essa porção do trato digestivo, afirma o médico do Serviço de Endoscopia do Hospital Universitário Walter Cantídio, Hospital Geral de Fortaleza e Monte Klinikum.

O EXAME

A duração média é de cerca de oito horas, sendo possível a captura de cerca de 60 mil fotos. O exame é capaz de detectar mínimas alterações no trato digestivo, não detectadas por outros métodos, como a endoscopia digestiva alta (EDA), a colonoscopia e o trânsito intestinal.

INDICAÇÕES

As principais indicações do exame são em pacientes com anemia de causa obscura, ou seja, não diagnosticada por exames convencionais de endoscopia digestiva alta e colonoscopia. De acordo com o médico, as outras  indicações consistem na pesquisa de doença inflamatória intestinal, pesquisa de pólipos ou tumores do intestino delgado, nos casos suspeitos de doença celíaca e nos casos de dor abdominal de origem indeterminada.

Hoje há uma nova perspectiva na pan-endoscopia, ou seja, na análise de todo o trato digestivo a partir da cápsula, podendo-se, dessa forma, propiciar a detecção precoce de lesões em todo o trato digestivo com menor morbidade e mortalidade, diz.


PASSO A PASSO

Normalmente, o exame inicia-se quando o paciente ingere a cápsula endoscópica com um pouco de água. A partir daí, a cápsula segue um percurso longo por todo o trato gastrointestinal até sair espontaneamente nas fezes. Outra alternativa, já padronizada em muitos serviços e que particularmente  somos favoráveis, é a de se colocar a cápsula diretamente no intestino delgado através de material apropriado e por endoscopia digestiva alta. Esse método, além de economizar o precioso tempo de duração da bateria, impede que tenhamos exames inconclusivos como aqueles em que a cápsula não transpõe a transição entre o estômago e o duodeno: o piloro. Desse modo, a cápsula estará pronta para a aquisição de imagens do intestino delgado, pontua.


ONDE ENCONTRAR ESTA TECNOLOGIA


Alessandrino afirma que, em Fortaleza, o Hospital Monte Klinikum é um dos poucos centros hospitalares do Norte-Nordeste a dispor dessa tecnologia de ponta. Convém ressaltar que, além da estrutura do Centro Endoscópico para a realização deste exame, dispomos de toda a tecnologia necessária para a colocação da cápsula diretamente no intestino delgado. Esse fato praticamente impede que o exame do paciente seja inconclusivo pela não passagem da cápsula ao intestino delgado, enaltece.

SERVIÇO PÚBLICO

No serviço público, o exame pode ser feito tanto no Hospital Geral de Fortaleza como no Hospital Geral César Cals.

As novas cápsulas disponíveis incorporaram um grande campo de visão, uma melhor qualidade de imagens e uma maior captura de imagens em um menor tempo, aumentando a performance no diagnóstico de patologias na área da gastroenterologia e da cirurgia digestiva. Não temos dúvida de que o grande desenvolvimento da endoscopia nos últimos tempos têm levado ao desenlace favorável na  vida de muito pacientes, conclui.

Fonte: Jornal - Diário do Norteste
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