sexta-feira, 18 de março de 2016

Cápsula endoscópica: avanço no diagnóstico das doenças intestinais



No mundo das doenças do aparelho digestivo, o homem sempre buscou a visualização do trato digestivo por inteiro, desde o lúmen até sua porção externa. Começou-se, então, um profícuo desenvolvimento de instrumentais para a introdução no aparelho digestivo humano e a observação e descoberta de novas doenças. Nesse contexto, surgiram os atuais aparelhos flexíveis de endoscopia e colonoscopia capazes de adentrar o mundo fantástico do esôfago, estômago, duodeno e cólon.

PONTO DE PARTIDA

A partir de 1981, principalmente os japoneses deram um impulso extremo no desenvolvimento de CCDs acoplados a tubos flexíveis que transmitem imagens à tela de um monitor e, com isso, diagnosticam inúmeras desordens gastrointestinais. O mundo da medicina, porém, ainda estava insatisfeito: uma grande porção do trato digestivo, chamado intestino delgado, estava ainda por ser desbravado. Cientistas israelenses bravamente, a partir de 1990, criam um protótipo capaz de gerar imagens através de uma microcâmera e por telemedicina a distância, baseado na tecnologia militar de mísseis teleguiados.

WIRELESS

De acordo com o gastroenterologista Alessandrino Terceiro, Mestre em Cirurgia pela UFC, com a tecnologia wireless, esses protótipos transformaram-se em cápsulas capazes de ser digeridas e suas imagens transmitidas a um gravador fixado ao corpo do paciente. Esse gravador,  por sua vez, é colocado numaworkstation", em que imagens são repassadas e interpretadas. Estava desbravado cerca de seis a oito metros do trato digestivo humano: o intestino delgado, explica.

CÁPSULA ENDOSCÓPICA
Trata-se de uma pequena cápsula medindo cerca de 2,5cm, que contém uma câmara capaz de tirar duas fotos por segundo da maior porção do trato digestivo: o intestino delgado. As imagens são transmitidas a um gravador fixado na cintura do paciente. Esse exame é hoje o padrão ouro para doença do intestino delgado, principalmente porque não há exames mais detalhados e menos invasivos para essa porção do trato digestivo, afirma o médico do Serviço de Endoscopia do Hospital Universitário Walter Cantídio, Hospital Geral de Fortaleza e Monte Klinikum.

O EXAME

A duração média é de cerca de oito horas, sendo possível a captura de cerca de 60 mil fotos. O exame é capaz de detectar mínimas alterações no trato digestivo, não detectadas por outros métodos, como a endoscopia digestiva alta (EDA), a colonoscopia e o trânsito intestinal.

INDICAÇÕES

As principais indicações do exame são em pacientes com anemia de causa obscura, ou seja, não diagnosticada por exames convencionais de endoscopia digestiva alta e colonoscopia. De acordo com o médico, as outras  indicações consistem na pesquisa de doença inflamatória intestinal, pesquisa de pólipos ou tumores do intestino delgado, nos casos suspeitos de doença celíaca e nos casos de dor abdominal de origem indeterminada.

Hoje há uma nova perspectiva na pan-endoscopia, ou seja, na análise de todo o trato digestivo a partir da cápsula, podendo-se, dessa forma, propiciar a detecção precoce de lesões em todo o trato digestivo com menor morbidade e mortalidade, diz.


PASSO A PASSO

Normalmente, o exame inicia-se quando o paciente ingere a cápsula endoscópica com um pouco de água. A partir daí, a cápsula segue um percurso longo por todo o trato gastrointestinal até sair espontaneamente nas fezes. Outra alternativa, já padronizada em muitos serviços e que particularmente  somos favoráveis, é a de se colocar a cápsula diretamente no intestino delgado através de material apropriado e por endoscopia digestiva alta. Esse método, além de economizar o precioso tempo de duração da bateria, impede que tenhamos exames inconclusivos como aqueles em que a cápsula não transpõe a transição entre o estômago e o duodeno: o piloro. Desse modo, a cápsula estará pronta para a aquisição de imagens do intestino delgado, pontua.


ONDE ENCONTRAR ESTA TECNOLOGIA


Alessandrino afirma que, em Fortaleza, o Hospital Monte Klinikum é um dos poucos centros hospitalares do Norte-Nordeste a dispor dessa tecnologia de ponta. Convém ressaltar que, além da estrutura do Centro Endoscópico para a realização deste exame, dispomos de toda a tecnologia necessária para a colocação da cápsula diretamente no intestino delgado. Esse fato praticamente impede que o exame do paciente seja inconclusivo pela não passagem da cápsula ao intestino delgado, enaltece.

SERVIÇO PÚBLICO

No serviço público, o exame pode ser feito tanto no Hospital Geral de Fortaleza como no Hospital Geral César Cals.

As novas cápsulas disponíveis incorporaram um grande campo de visão, uma melhor qualidade de imagens e uma maior captura de imagens em um menor tempo, aumentando a performance no diagnóstico de patologias na área da gastroenterologia e da cirurgia digestiva. Não temos dúvida de que o grande desenvolvimento da endoscopia nos últimos tempos têm levado ao desenlace favorável na  vida de muito pacientes, conclui.

Fonte: Jornal - Diário do Norteste
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