Mapa de Plutão desenvolvido por Marc W. Buie, do Southwest Research Institute, com auxílio de computador e utilizando imagens do Telescópio Espacial Hubble |
Na coluna do último domingo, 20, descrevi que o nosso Sistema Solar passou a ter uma nova configuração – agora são oito planetas e não mais os nove, como a maioria dos nossos leitores aprendeu nos bancos escolares. A mudança deve-se à decisão da União Astronômica Internacional (IAU, sigla em inglês) de que Plutão não seria mais considerado como um planeta. Em assembleia realizada no dia 26 de agosto de 2006, em Praga, na República Checa, ficou definido que Plutão agora é classificado como “planeta anão” e passou a fazer parte do grupo chamado “pequenos corpos do Sistema Solar”.
Mas por que isso? Por que Plutão não é mais classificado como planeta? No início do anos 2000 (século XXI), foram descobertos muitos objetos com características físicas similares às de Plutão, dentre eles: Haumea, Makemake, Éris, Quaoar, Sedna, entre outros. Esses corpos fazem parte do grupo chamado “planetas anões”, que também são chamados de objetos transnetunianos (pequenos corpos do Sistema Solar cujas órbitas estão além da órbita de Netuno e estão dentro de uma região do Sistema Solar chamada de Cinturão de Kuiper).
Já existem mais de mil pequenos objetos transnetunianos catalogados e, fora do nosso Sistema Solar, já foram descobertos mais de 700 novos planetas. Essas novas descobertas impulsionaram a IAU a criar uma definição oficial de planeta. Para tanto, foram definidas três condições físicas para que um corpo seja considerado um planeta:
1.O corpo deve estar em órbita em torno do Sol.
2. O corpo precisa ter massa e gravidade suficiente para manter forma esférica e em equilíbrio hidrostático.
3. O corpo precisa ser dominante em sua órbita, ou seja, tem que ter gravidade suficiente para atrair corpos menores ao longo de sua trajetória em torno do Sol.
Plutão não satisfaz à terceira condição e, por isso, foi reclassificado como planeta anão.
Na mitologia grega, Plutão era conhecido como Hades, o deus dos infernos. Conta-se que seu império era uma tristeza sem fim e, por isso, nenhuma deusa quis casar-se com Plutão. Insistente em conseguir uma companheira, ele raptou a jovem Prosérpina, filha de Ceres e Júpiter. Ao voltar de uma viagem, Ceres soube do rapto e pediu ao todo-poderoso Zeus (Júpiter) que fizesse sua filha retornar do inferno. Zeus consentiu, desde que Prosérpina não tivesse comido nada no inferno. Prosérpina, entretanto, foi flagrada comendo grãos de romã e, por isso, ficou para sempre nas profundezas dos infernos
como esposa de Plutão.
Um pouco de história
Plutão foi o primeiro planeta descoberto através da fotografia astronômica, e não foi pelo acaso. O astrônomo Percival Lowel, suspeitando de perturbações nas órbitas de Urano e Netuno, dedicou vários anos a calcular a órbita do objeto transnetuniano, deduzindo que deveria haver um outro planeta além dessas órbitas. Lowel publicou seu trabalho em 1915, logo em seguida o observatório americano que leva seu nome passou a vasculhar uma certa região do céu.
Percival Lowel morreu em 1916. Em janeiro de 1930, 14 anos após sua morte, o jovem astrônomo Clyde Tombaugh, contratado para trabalhar no Observatório Lowel, recebeu a tarefa de fotografar o céu durante vários dias e observar se algum objeto se movimentava entre as estrelas. E foi assim que, através de fotografias tiradas nas noites de 23 e 29 de janeiro de 1930, Tombaugh confirmou o movimento de Plutão.
O Observatório Lowel recebeu centenas de sugestões de nomes para o novo planeta de várias partes do mundo. Mas o que vingou foi o sugerido por uma criança - uma menina inglesa de 11 anos chamada Venetia Burney. Por coincidência, no nome Plutão estão as iniciais de Percival Lowel.
Controvérias
Em várias partes dos Estados Unidos, sobretudo no estado de Illinois, onde Clyde Tombaugh nasceu, aconteceram várias manifestações e até mesmo petições e resoluções dirigidas à IAU para que a mesma volte atrás na sua decisão. Por razões sentimentais e/ou científicas, alguns cientistas ainda não concordam com a decisão da IAU. Plutão agora é classificado como “planeta anão” e passou a fazer parte do grupo chamado “pequenos corpos do Sistema Solar”.
Sobre Plutão
Plutão possui cinco satélites naturais: Caronte, Hix, Hidra, Cérbero e Estige. Caronte é o maior deles, com a metade do tamanho de Plutão.
Ele está a uma distância média de 5,9 bilhões de quilômetros do Sol e leva 248 anos para dar uma volta em torno da nossa estrela.
Seu dia dura seis dias e nove horas e sua temperatura chega aos 218 graus abaixo de zero. Tem um diâmetro de 2.350 quilômetros sendo menor do que a nossa Lua.
Fonte: Jonal OPovo