quinta-feira, 31 de julho de 2014

Por que Plutão não é mais um planeta?

Mapa de Plutão desenvolvido por Marc W. Buie, do Southwest Research Institute,
com auxílio de computador e utilizando imagens do Telescópio Espacial Hubble

Na coluna do último domingo, 20, descrevi que o nosso Sistema Solar passou a ter uma nova configuração – agora são oito planetas e não mais os nove, como a maioria dos nossos leitores aprendeu nos bancos escolares. A mudança deve-se à decisão da União Astronômica Internacional (IAU, sigla em inglês) de que Plutão não seria mais considerado como um planeta. Em assembleia realizada no dia 26 de agosto de 2006, em Praga, na República Checa, ficou definido que Plutão agora é classificado como “planeta anão” e passou a fazer parte do grupo chamado “pequenos corpos do Sistema Solar”.

Mas por que isso? Por que Plutão não é mais classificado como planeta? No início do anos 2000 (século XXI), foram descobertos muitos objetos com características físicas similares às de Plutão, dentre eles: Haumea, Makemake, Éris, Quaoar, Sedna, entre outros. Esses corpos fazem parte do grupo chamado “planetas anões”, que também são chamados de objetos transnetunianos (pequenos corpos do Sistema Solar cujas órbitas estão além da órbita de Netuno e estão dentro de uma região do Sistema Solar chamada de Cinturão de Kuiper). 

Já existem mais de mil pequenos objetos transnetunianos catalogados e, fora do nosso Sistema Solar, já foram descobertos mais de 700 novos planetas. Essas novas descobertas impulsionaram a IAU a criar uma definição oficial de planeta. Para tanto, foram definidas três condições físicas para que um corpo seja considerado um planeta:
1.O corpo deve estar em órbita em torno do Sol. 
2. O corpo precisa ter massa e gravidade suficiente para manter forma esférica e em equilíbrio hidrostático.
3. O corpo precisa ser dominante em sua órbita, ou seja, tem que ter gravidade suficiente para atrair corpos menores ao longo de sua trajetória em torno do Sol.

Plutão não satisfaz à terceira condição e, por isso, foi reclassificado como planeta anão.

Na mitologia grega, Plutão era conhecido como Hades, o deus dos infernos. Conta-se que seu império era uma tristeza sem fim e, por isso, nenhuma deusa quis casar-se com Plutão. Insistente em conseguir uma companheira, ele raptou a jovem Prosérpina, filha de Ceres e Júpiter. Ao voltar de uma viagem, Ceres soube do rapto e pediu ao todo-poderoso Zeus (Júpiter) que fizesse sua filha retornar do inferno. Zeus consentiu, desde que Prosérpina não tivesse comido nada no inferno. Prosérpina, entretanto, foi flagrada comendo grãos de romã e, por isso, ficou para sempre nas profundezas dos infernos
como esposa de Plutão.

Um pouco de história
Plutão foi o primeiro planeta descoberto através da fotografia astronômica, e não foi pelo acaso. O astrônomo Percival Lowel, suspeitando de perturbações nas órbitas de Urano e Netuno, dedicou vários anos a calcular a órbita do objeto transnetuniano, deduzindo que deveria haver um outro planeta além dessas órbitas. Lowel publicou seu trabalho em 1915, logo em seguida o observatório americano que leva seu nome passou a vasculhar uma certa região do céu. 

Percival Lowel morreu em 1916. Em janeiro de 1930, 14 anos após sua morte, o jovem astrônomo Clyde Tombaugh, contratado para trabalhar no Observatório Lowel, recebeu a tarefa de fotografar o céu durante vários dias e observar se algum objeto se movimentava entre as estrelas. E foi assim que, através de fotografias tiradas nas noites de 23 e 29 de janeiro de 1930, Tombaugh confirmou o movimento de Plutão. 

O Observatório Lowel recebeu centenas de sugestões de nomes para o novo planeta de várias partes do mundo. Mas o que vingou foi o sugerido por uma criança - uma menina inglesa de 11 anos chamada Venetia Burney. Por coincidência, no nome Plutão estão as iniciais de Percival Lowel.

Controvérias
Em várias partes dos Estados Unidos, sobretudo no estado de Illinois, onde Clyde Tombaugh nasceu, aconteceram várias manifestações e até mesmo petições e resoluções dirigidas à IAU para que a mesma volte atrás na sua decisão. Por razões sentimentais e/ou científicas, alguns cientistas ainda não concordam com a decisão da IAU. Plutão agora é classificado como “planeta anão” e passou a fazer parte do grupo chamado “pequenos corpos do Sistema Solar”.

Sobre Plutão
Plutão possui cinco satélites naturais: Caronte, Hix, Hidra, Cérbero e Estige. Caronte é o maior deles, com a metade do tamanho de Plutão.

Ele está a uma distância média de 5,9 bilhões de quilômetros do Sol e leva 248 anos para dar uma volta em torno da nossa estrela.

Seu dia dura seis dias e nove horas e sua temperatura chega aos 218 graus abaixo de zero. Tem um diâmetro de 2.350 quilômetros sendo menor do que a nossa Lua. 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O destino das águas do Nordeste

A seca do Nordeste, conforme especialistas, é determinada por fatores
climáticos globais e agravada por condições locais, como a capacidade de
 armazenamento e distribuição da água


A condição natural de se localizar no semiárido é o fator principal para que o Nordeste seja caminho de estiagens. Mas não é o único elemento que influencia na falta d´água para a região. “A seca do Nordeste é determinada por fatores climáticos globais e agravada por condições locais”, observa Maria Assunção Faus da Silva Dias, professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. “A questão da falta de água depende de vários fatores, passando pela condição climática como pano de fundo e envolvendo o uso da água, seu armazenamento e a capacidade de distribuição”, atenta.

“Se você já tem pouca disponibilidade de água, tem que trabalhar com a melhor gestão possível”, orienta Frederico de Holanda Bastos, professor adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Ceará e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ações em conjunto, pondera, dão mais fôlego à convivência com o semiárido. E o Estado, exemplifica, “tem conseguido avanços significativos a partir da adoção dos comitês de bacias hidrográficas. Mas, historicamente, no Nordeste, não é (verificado) bom exemplo de gestão”.

Na avaliação da professora Maria Assunção Faus, “é mais fácil e eficiente resolver o problema de distribuição de água nas cidades, pois a população está concentrada. Nos sertões, a população é mais difusa, há pequenas comunidades espalhadas por grandes regiões que tornam a logística e o custo de distribuição de água muito mais complexos”.

Ações

As secas impactam, diretamente, as reservas hídricas que garantem o abastecimento das sedes urbanas. “Este ano, chegamos, em algumas áreas do Estado, com reservas da ordem de 3%. Isso fez com que o Estado inovasse na resposta emergencial, adotando o sistema de adutoras de engates rápidos (adotado durante a guerra no Iraque) para dar maior garantia a este abastecimento”, equilibra Eduardo Sávio Passos Rodrigues Martins, presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Mas as ações emergenciais não podem ser a regra em uma situação recorrente. Com a implementação do Monitor das Secas do Nordeste, pretende-se renovar a convivência com o semiárido, aprofundar o relacionamento. “Um dos eixos da convivência com o semiárido é a adaptação e preparação ao evento crítico da seca, que é uma realidade da região. É preciso investir em planos de preparação para as secas, desde o regional até o local, já que são ferramentas de gestão que avaliam as vulnerabilidades, fazem um monitoramento específico das secas e estabelecem ações de curto, médio e longo prazo para serem efetivadas à medida que a seca avança e aumenta em severidade”, indicam Erwin De Nys, especialista sênior em Recursos Hídricos/Banco Muncial e Carmen Molejón, especialista em Recursos Hídricos. (Ana Mary C. Cavalcante)

NÚMERO

3% Foi a reserva hídrica registrada em algumas regiões do Ceará em 2014 

Fonte: Jornal OPovo

Morre no Rio o astrônomo Ronaldo de Freitas Mourão

Mourão é um dos mais importantes astrônomos brasileiros,autor
de dezenas de livros sobre o assunto

O astrônomo carioca Ronaldo Rogério de Freitas Mourão faleceu na noite da última sexta-feira aos 79 anos. Ele estava internado desde o sábado anterior no Hospital Quinta D’Or, em São Cristóvão, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O cientista era portador da doença de Parkinson e, há cerca de duas semanas, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. No Ceará, Mourão foi professor visitante da Universidade Vale do Acaraú (UVA), em Sobral, e manteve coluna de astronomia no O POVO.

Um divulgador da ciência celeste que poderia ser comparado ao norte-americano Carl Sagan, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão se tornou antes de morrer o mais famoso astrônomo brasileiro. Era identificado com o Observatório Nacional e realizou pesquisas no campo das estrelas duplas, asteroides, cometas e estudos das técnicas de astrometria fotográfica.

Mourão ingressou na então Universidade do Distrito Federal (UDF), atual UERJ, em 1956 e se diplomou em Física quatro anos depois. No mesmo ano do ingresso na UDF, tornou-se auxiliar de astrônomo do Observatório Nacional, no Rio. No começo da carreira, editou suas observações do planeta Marte, e algumas foram reproduzidas em revistas estrangeiras importantes da astronomia.

Em 1967, terminou o doutorado na Universidade de Paris com menção “Très Honorables”. No ano, retornou para o Brasil, reassumindo as funções como astrônomo no Observatório Nacional e de pesquisador no Conselho Nacional de Pesquisa. No ano seguinte foi nomeado astrônomo-chefe da Divisão de Equatoriais.

Mourão redigiu ainda os verbetes de astronomia e astronáutica do Novo dicionário da língua portuguesa (1975 e 1986), de Aurélio Buarque de Holanda. Em 1978, recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Mourão deixa quatro filhos e dois netos. (das agências de notícias)


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